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Como Nasrudin criou a verdade

Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din)

As leis não fazem com que as pessoas fiquem melhores, disse Nasrudin ao Rei. Elas precisam, antes, praticar certas coisas de maneira a entrar em sintonia com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente.

O Rei, no entanto, decidiu que ele poderia, sim, fazer com que as pessoas observassem a verdade, que poderia fazê-las observar a autenticidade -- e assim o faria.

O acesso a sua cidade dava-se através de uma ponte. Sobre ela, o Rei ordenou que fosse construída uma forca.

Quando os portões foram abertos, na alvorada do dia seguinte, o Chefe da Guarda estava a postos em frente de um pelotão para testar todos os que por ali passassem. Um edital fora imediatamente publicado: "Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso na cidade permitido. Caso mentir, será enforcado."

Nasrudin, na ponte entre alguns populares, deu um passo à frente e começou a cruzar a ponte.

— Onde o senhor pensa que vai? perguntou o Chefe da Guarda.

— Estou a caminho da forca -- respondeu Nasradin, calmamente.

— Não acredito no que está dizendo!

— Muito bem, se eu estiver mentindo, pode me enforcar.

— Mas se o enforcarmos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade!

— Isso mesmo - respondeu Nasrudin, sentindo-se vitorioso. Agora vocês já sabem o que é a verdade: é apenas a sua verdade.

O Mullá Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) escreveu, no século XIV em que viveu, histórias onde ele mesmo era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto que integra a chamada Tradiçã Sufi, ou o Sufismo, seita religiosa ou de sabedoria de vida, de antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje. Como o budismo e o zen-budismo, o sufismo sempre aliou o (bom) humor com sabedoria.

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